segunda-feira, 25 de maio de 2009

"Som e Fúria"...TV e teatro?

A Globo já começa a dar os primeiros sinais e notícias sobre a nova minisérie. “Som e Fúria”, assim titulada, vem para ser uma daquelas apostas semelhantes a “Cidade dos Homens”(2002-2005). Não é coincidência que ela vem de uma parceria com a produtora independente O2, que tem, praticamente, as portas abertas na emissora. O que mais me chamou à atenção neste novo produto são dois pontos intrigantes (na minha humilde opinião): A primeira é que a obra está sendo vendida como algo “baseado” na obra de Sheakspeare e a segunda sobre seu elenco.

Não isso não é uma ironia. É uma ressalva e uma pausa para os aplausos. Saber que a ficção televisiva está se aproximando do teatro, me faz pensar que seja um busca para uma mistura de linguagens muitas vezes necessária e, quase sempre, enriquecedora. Uma aproximação que tem ficado cada vez mais clara pós Projeto Quadrante, de Luis Fernando Carvalho. Declaro que não estou dando os méritos para ele, somente ressaltando que sua obra, tanto “A Pedra do Reino” (2007) quanto “Capitu” (2009), fez deste casamento uma lua-de-mel (mais saborosa para o público, sem dúvidas). A mistura de linguagem, que muitos teóricos insistem em chamar de “híbridismo”, não significa, para mim, somente uma tentativa de beber na fonte. Talvez uma forma de renovação da linguagem televisiva, mesmo que para isso, seja preciso voltar atrás.

Os 12 capítulos da série, com estréia prevista para 07 de julho, são dirigidos por Fernando Meirelles e tem, em seu elenco cerca de 100 atores, grande parte advinda e formada no teatro. Sua história se baseia no cotidiano de uma companhia de teatro “shakespeariana” e suas confusões e problemas na produção de um espetáculo. Ao que parece, o teatro não está só no texto, no assunto, na discussão, mas na estética, na direção, nos enquadramentos, na textura (assim dá para perceber ao ver o vídeo de divulgação).

Quanto ao elenco, só posso dizer que parece mais uma mistura. Atores que nunca dividiram cena ou palco formam o corpo dessa troca de experiência (?): Pedro Paulo Rangel, Andréa Beltrão, Felipe Camargo, Dan Stulbach, Daniel Oliveira, Regina Casé, Rodrigo Santoro, Maria Flor, Chris Couto, Débora Falabella, Paulo Betti, dentre muitos outros! Um mix de tradição e modernidade, teatro e televisão, velho e novo. Uma salada de frutas? Quem sabe? Só esperando para ver.

Um comentário:

regina gomes disse...

Se for parecida com Capitu vai trazer bons resultados pois a série de Fernando Carvalho foi maravilhosa. O cuidado com a direção de arte e o magnífico texto me deixou comovida sem necessidade de buscar referências teatrais. Vamos esperar por um Shakespeare televisivo, tão bom quanto o Otelo no cinema de Orson Welles.