quinta-feira, 30 de julho de 2009

Profissão: crítico de TV

Navegando pelo You Tube encontrei esta entrevista com o crítico José Armando Vanucci (TV Gazeta programa Todo Seu e Rádio Jovem Pan). Achei-o meio chapa branca, mas não deixa de ser curioso vê-lo analisar sua profissão.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Por falar em Aguinaldo

Poucas foram as reapresentações de telenovela que mais fizeram sucesso no horário da tarde da programação “global” e um delas estamos acompanhando neste momento. Não sei como acontece a escolha da trama que irá ser exibida em “Vale à Pena Ver de Novo”. Vejo muita gente reclamar que eles acabam colocando uma telenovela recente e esquece os grandes sucessos marcantes de décadas passadas. Acredito ser uma questão de coerência. Acho que iríamos estranhar culturas, idéias, pensamentos e trajes de um tempo que não faz mais parte de nosso universo habitual e contemporâneo. “Senhora do Destino” (2004) tem ocupando o ranking do terceiro programa mais visto neste mês de maio, mas por conta de “problemas” com a sua classificação etária, corre o risco de ser tirada do ar por estes dias (vamos fazer uma campanha: Ver “Naza” é preciso!). O que tem ela de diferente? Não sei, mas parei para pensar!

A causa está, acredito, em ter duas grandes fortes atrizes nos papéis principais, com personagens muito bem construídos, em dois papéis muito bem pontuados pelo autor, Aguinaldo Silva. Todos amam e odeiam Nazaré Tedesco (Renata Sorrah), a “Naza“, e se compadecem com o sofrimento de Maria do Carmo (Suzana Vieira). Essa seria a minha hipótese, já que contar história de filhos roubados e desconhecidos, nordestinos que saem de sua cidade e vão ganhar a vida no Sul, "favelados" e tantas outras coisas são temas recorrentes, inclusive pelo próprio Aguinaldo (dá para entender um pouco ao ler rapidamente a sua biografia). Basta lembrar de “Pedra Sobre Pedra” (1992), história de amor, rivalidade e paternidade desconhecida entre a família Pontes (Lima Duarte) e Batista (Renata Sorrah) e a mais recente, “Duas Caras” (2007), que para muitos lembrou uma espécie de continuação de “Senhora do Destino”, por ter novamente a presença de um líder comunitário, construção de uma favela, escola de samba e disputa de poder.

Aliás, disputa de poder está entre um dos seus temas favoritos. O que marca de forma mais nítida a obra de Aguinaldo são as questões políticas e pitadas de humor pictórico. Suas tramas tem sempre um jeito de fazer pensar nos políticos corruptos que elegemos: o prefeito de Tubiacanga, Démostenes Massaranduba (José Wilker), de “Fera Ferida” (1993); deputado Pitágoras Mackenzie (Ary Fontoura), em “A Indomada” (1997); e o corrupto Félix Guerreiro (Antônio Fagundes), em “Porto dos Milagres” (2007). A comicidade está no realismo fantástico visto em Jorge Tadeu (Fábio Júnior) e o mito do seu renascimento através de uma flor, no menino excepcional Emanuel (Selton Mello) que virou anjo ao nutrir um amor pela jovem Grampola (Carla Muga) e, claro, o mistério do “Cadeirudo”, que reservava bons momentos de humor no enredo. Marcas que até poderíamos arriscar em chamar de autorais, se não fosse uma obra construída de forma coletiva.

Aguinaldo está novamente em pauta e garante o seu lugar na emissora, mesmo residindo em Portugal, ao promover um Master Class para a formação de novos roteiristas. Em seu blog, ele conta passo a passo desse processo e garante que, se a Globo não aceitar o roteiro escrito por eles, de título "Marido de Aluguel", ele oferecerá para outra emissora (leia-se Record?). Obviamente, a Globo já se comprometeu a fazer uma avaliação e tem pensado em sua produção, já que, pelo rodízio, ele está na lista dos próximos autores a ocupar o horário das 20h. Seria uma prova de quem tem a coroa tem sempre um lugar no reino??

Não podia deixar de dar esse presentinho...a cena do embate:

terça-feira, 26 de maio de 2009

Tudo ao mesmo tempo agora!

Ok, estou aqui novamente!
Mas, é que vi uma coisa que me chamou muito à atenção, pensando nas nossas discussões sobre a indústria televisiva e todos os seus mecanismos para se manter na autonomia do campo.

A rede de TV americana ABC, da The Walt Disney Company (claro! puxando a sardinha para o meu lado, a mesma que produz a série "Desperate Housewives"), teve uma boa sacada para divulgar os seus produtos de maior sucesso. Eles produziram dois vídeos promocionais em que personagens mais populares de suas séries e apresentadores de programas moram e convivem numa mesma casa. A metáfora, interessante e criativa, é assimilar a casa com a emissora e os personagens com os seus produtos. Faz uma autopromoção, como empresa hegemônica na produção de bons programas, e vende seus produtos, que reune célebres e profissionais! Tudo de uma só vez!

Vejam os vídeos:



segunda-feira, 25 de maio de 2009

"Som e Fúria"...TV e teatro?

A Globo já começa a dar os primeiros sinais e notícias sobre a nova minisérie. “Som e Fúria”, assim titulada, vem para ser uma daquelas apostas semelhantes a “Cidade dos Homens”(2002-2005). Não é coincidência que ela vem de uma parceria com a produtora independente O2, que tem, praticamente, as portas abertas na emissora. O que mais me chamou à atenção neste novo produto são dois pontos intrigantes (na minha humilde opinião): A primeira é que a obra está sendo vendida como algo “baseado” na obra de Sheakspeare e a segunda sobre seu elenco.

Não isso não é uma ironia. É uma ressalva e uma pausa para os aplausos. Saber que a ficção televisiva está se aproximando do teatro, me faz pensar que seja um busca para uma mistura de linguagens muitas vezes necessária e, quase sempre, enriquecedora. Uma aproximação que tem ficado cada vez mais clara pós Projeto Quadrante, de Luis Fernando Carvalho. Declaro que não estou dando os méritos para ele, somente ressaltando que sua obra, tanto “A Pedra do Reino” (2007) quanto “Capitu” (2009), fez deste casamento uma lua-de-mel (mais saborosa para o público, sem dúvidas). A mistura de linguagem, que muitos teóricos insistem em chamar de “híbridismo”, não significa, para mim, somente uma tentativa de beber na fonte. Talvez uma forma de renovação da linguagem televisiva, mesmo que para isso, seja preciso voltar atrás.

Os 12 capítulos da série, com estréia prevista para 07 de julho, são dirigidos por Fernando Meirelles e tem, em seu elenco cerca de 100 atores, grande parte advinda e formada no teatro. Sua história se baseia no cotidiano de uma companhia de teatro “shakespeariana” e suas confusões e problemas na produção de um espetáculo. Ao que parece, o teatro não está só no texto, no assunto, na discussão, mas na estética, na direção, nos enquadramentos, na textura (assim dá para perceber ao ver o vídeo de divulgação).

Quanto ao elenco, só posso dizer que parece mais uma mistura. Atores que nunca dividiram cena ou palco formam o corpo dessa troca de experiência (?): Pedro Paulo Rangel, Andréa Beltrão, Felipe Camargo, Dan Stulbach, Daniel Oliveira, Regina Casé, Rodrigo Santoro, Maria Flor, Chris Couto, Débora Falabella, Paulo Betti, dentre muitos outros! Um mix de tradição e modernidade, teatro e televisão, velho e novo. Uma salada de frutas? Quem sabe? Só esperando para ver.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

A mais "nova" Helena

Num raro momento de ócio, ontem dei uma passeada em noticias sobre bastidores de telenovelas. Sim! É assim fico sabendo de tudo, já que, ultimamente, eu tenho tido menos tempo de ver telenovela do jeito que ela deve ser vista: sentada no sofá, esparramada entre as almofadas, fazendo especulações, conversando com as personagens, chorando, rindo, participando de todo o processo catártico que ela merece. Graças a maior invenção do mundo, a Internet, a Globo.com e a uma amiga que me deu uma senha de presente posso continuar me atualizando capítulo a capítulo.

Voltando ao assunto que me trouxe aqui, li um “spoiler” sobre a telenovela “Viver a Vida” que irá substituir “Caminho das Índias”. Pelo “rodízio” da Globo o autor será Manoel Carlos que vem com mais uma de suas “Helenas”. O que me chamou à atenção foi saber quem irá interpretar a personagem caricata, a qual ele homenageia sua mãe. Não será vivida nem por Regina Duarte (Obrigada, Senhor!), nem por Vera Fischer (Ufa!), nem por Maitê Proença e sim Taís Araújo. Para muitos pode não ser surpreendente, mas me faz pensar que seja uma mudança. Primeiro por ela ser negra e segundo por ela ser uma mulher na fase dos trinta anos. Um quebra? Uma quebra de linearidade e “marca” sobre alguns aspectos. Pois, não será uma Helena "bem resolvida" profissionalmente como as outras e também não será chefe de família, espelho de integridade e boa mãe e esposa.

Claro, não acho que isso significará uma mudança do modo como “Maneco” escreve suas tramas. Sem dúvidas, devemos encontrar o lindo bairro do Leblon, muita bossa-nova, merchandising social, conflitos amorosos e dramas familiares, presentes desde a sua primeira Helena, de “Baila Comigo”, em 1981.

O fato é que eu estou curiosíssima para começar a acompanhar, mesmo que seja pela Internet. Os dramas de “Maneco” nos fazem pensar na vida e colocam assuntos em roda de conversas (de salão, de bar, de almoço, do trabalho). Aguardo!

Abaixo, uma entrevista com Taís Araújo falando sobre "Helena":

sábado, 25 de abril de 2009

EXISTE MESMO A CRÍTICA DE TV?


Apesar do texto de Távola ser bem datado, e talvez por isso mesmo, é muito interessante o debate engendrado por ele sobre a crítica de TV. Esta seria bem mais influente que a de cinema ou literatura porque conduz a mediação não apenas com público, mas igualmente com os diretores e roteiristas de TV. Ela pode até ser contestadora, mas protesta dentro da lógica sistema. Segue o texto de Távola escrito em 1976 !

EXISTE MESMO A CRÍTICA DE TV?

Eu só falo sobre o que vale o a pena, só reclamo de quem tem para dar ou do programa que pode melhorar; só exijo de onde pode sair algo bom; só bronqueio com quem gosto; só critico a quem admiro e de quem algo espero; só destaco programas que representam algo vivo, brasileiro, fecundo.

O leitor deve observar minhas constância e insistência em temas, assuntos, programas e profissionais de tevê com algum conteúdo ou forma representativos de significados culturais. Pouco, raro ou nada aludo a programas estratificados na mesmice ou realizados por teimosos definitivos, ou por pessoas que só sabem fazer um gênero e nele ficam a vida inteira mesmo quando já passou e eles não sabem ou fingem não saber.

Estou dizendo essas coisas, pois nesses dias comemoro quatro anos de críticas diárias aqui no GLOBO. Quero - hoje, amanhã e depois - dizer algumas coisas objetivas e subjetivas sobre o relacionamento de um cronista diário com o seu leitorado e com o assunto no qual ele se especializa. É que há anos venho batalhando pelo que chamo de crônica aplicada. Não é crítica . É uma forma de crônica aplicada a um determinado assunto especializado. Chamam da critica de televisão. Va lá. Adoto a expressão, por preguiça de ficar explicando. Mas não é. Em televisão o cronista vê junto com o publico. Testemunha com ele. Isso muda tudo.

Uma das peculiaridades interessantes do crítico de televisão (se é que o gênero existe) é a da poder influir no processo criativo. Ele influi no processo, exatamente porque vê junto com o público.

O critico de teatro influi sobre o publico, a quem orienta. Mas a obra que é alvo de sua critica já está montada, encenada, concebida a dirigida. O critico da cinema, idem. O filme lá está aprisionado no celulóide. Idem o literário. O livro lá está escrito, impresso, distribuído etc.

Vala dizer, até o surgimento da televisão, a crítica sempre funcionou como um guia para o publico, sendo o exercício de uma tarefa cultural da mais alta relevância: a de ser ponte de interpretação e lucidez entre a obra da arte e o público. Nesse sentido, aliás, poucos gêneros atingiram a altura da crítica literária.

Mas da televisão em diante a coisa muda um pouco. Em primeiro lugar, porque a televisão não tem ainda (20 e poucos anos da existência, apenas) um nível de elevação e profundidade das artes a ela anteriores. Em segundo lugar, porque sendo uma indústria cultural a sua preocupação é muito mais com o produto destinado a um consumo previsto, balizado e pesquisado, do que com a idéia de "obra".

Em terceiro lugar surge o dado interessante: na televisão o crítico pode influir. Mesmo que não queira ele participa do próprio processo de criação, da estratégia geral. Este sim é um ponto inteiramente diferente, novo e revolucionário na historia desse que gênero que se chama "critica".

Os programas são semanais. A produção é nacional. A própria dramaturgia televisada (a novela) vai sendo feita enquanto está no ar (é obra aberta, há influências). Na televisão, é muito, muito, incomensuravelmente mais intensa, a mútua influência do trinômio: público, centro produtor, pólos de repercussão (crítica).

Nas outras artes o que funciona é o trabalho solitário do criador. Depois é que se aplicam a esse trabalho os ditames da Industria cultural. Na televisão, não. Nela, o que funciona é uma permanente interação desse trinômio: público (telespectador como um todo expresso nas pesquises diárias); centro produtor (os canais e as redes de televisão) e os pôlos de repercussão (representantes da norma culta da sociedade. Intelectuais (?) que opinam sobre o produto, também chamados de "críticos", por analogia com as artes anteriores à televisão). Este trinômio Inter-age (ó revisão, eu sei que é junto, mas deixe separado "Inter-age". Fica mais claro o conceito porque mais visual a palavra). E é exatamente por isso que a "crítica" de televisão, diferente de toda qualquer outra forma de crítica (teatro, cinema, artes plásticas, literatura), pode influir no processo criativo.

A "crítica" de televisão é bem mais intranscendente; mas é bem mais influente. Ela é parte integrante do sistema que mantém a Industria cultural, por mais que se coloque na posição de permanente contestação. Ela contesta dentro do sistema. E é isso o que fez muita gente torcer o nariz à critica de televisão. Ou o crítico sentir-se culturalmente pouco "importante" por exercê-la, daí ser impiedoso com a tevê.

Além disso, ela não joga apenas (eu disse apenas) com categorias estéticas e ideológicas. Ela precisa se servir igualmente de três outros elementos: da sociologia (da comunicação); da psicologia (Idem) e do conhecimento da técnica de elaboração dos programas, ou seja o solido conhecimento do funcionamento interno tanto de um canal de tevê como de cada programa, como, ainda, da engenhoca eletrônica que edita e corta as imagens, sons, vozes, ruídos etc.

Frente a esse quadro o exercício da "critica" de televisão é um exercício penoso, difícil, dispersivo, eternamente relativista porque sempre depende do ângulo pelo qual se enfoque o problema. E o que acontece geralmente é que os critérios estéticos a ideológicos, por serem mais profundos, básicos, sedutores e determinantes (além de darem mais "status" para quem os utiliza) acabam por predominar sobre os demais. podendo levar a quem exerce a "critica' de televisão a se afundar na negação liminar de um processo como o televisivo que é composto igualmente dos outros vetores já citados.

Cabe, portanto, ao crítico da televisão, muito mais do que enfeixar a verdade definitiva em cada artigo; muito mais do que afirmar os seus critérios estéticos subjetivos, ou as suas necessidades de "status" intelectual em cima de um meio (a tevê) ainda sem tradição cultural; cabe, portanto, ao crítico de televisão, saber-se um agente do próprio processo de "fazer" televisão, com todas as limitações e com todo o poder que isso implica. Se o crítico influi no processo, ele é parte dele. Mesmo que não queira. Mesmo que negue o sistema. É uma contradição e uma limitação que tem de aceitar. Criticando teatro, cinema, livro e artes plásticas ele influi no público e na cultura de seu pais (quando é bom crítico). Criticando televisão ele influi no próprio processo de elaboração da televisão. Ele é tão responsável quanto qualquer diretor de emissora. O "crítico" de televisão, querendo ou não, é uma espécie de advogado do consumidor. Amanhã prossigo.

Jornal/Revista: O Globo
Data de Publicação: 29.10.76
Autor/Repórter: Artur da Távola

terça-feira, 21 de abril de 2009

As Teses

Como este é um espaço, "por contrato", chegado a liberdades. Transcrevo por aqui trechos de um texto de Mario Prata sobre teses. Só por pirraça, ou distração, ou não...

"Sabe tese, de faculdade? Aquela que defendem? Com unhas e dentes? É dessa tese que eu estou falando.
As teses são todas maravilhosas. Em tese. O mais interessante na tese é que, quando nos contam, são maravilhosas, intrigantes. A gente fica curiosa, acompanha o sofrimento do autor, anos a fio. Aí ele publica, te dá uma cópia e é sempre - sempre - uma decepção. Em tese. Impossível ler uma tese de cabo a rabo.
São chatíssimas. É uma pena que as teses sejam escritas apenas para o julgamento da banca circunspecta, sisuda e compenetrada em si mesma. E nós?
Sim porque os assuntos, já disse, são maravilhosos, cativantes, as pessoas são inteligentíssimas. Temas do arco-da-velha. Mas toda tese fica no rodapé da história. Pra que tanto sic e tanto apud? Sic me lembra o Paquim e apud não parece candidato do PFL para vereador? Apud Neto.
Escrever uma tese é quase um voto de pobreza que a pessoa se autodecreta. O mundo pára, o dinheiro entra apertado, os filhos são abandonados, o marido que se vire.
Orientados e orientandos (que nomes atuais!) são unânimes em afirmar que toda tese tem de ser - tem de ser! - daquele jeito. É para não entender, mesmo, assumem essa confissão. Tem de ser formatada assim. Que na Sourbonne é assim, que em Coimbra também. Na Sourbonne desde 1257. Em Coimbra, mais moderna, desde 1290.
Acho que, nas teses, tinha de ter uma norma em que, além da tese, o elemento teria de fazer também uma tesão (tese grande). Ou seja, uma versão para nós, pobres teóricos ignorantes que não votamos no Apud Neto.
Ou seja, o elemento (ou elementa) passa a vida a estudar um assunto que nos interessa e nada. Pra quê? Pra virar mestre, doutor? E daí? Se ele estudou tanto aquilo, acho impossível que ele não queira que a gente saiba a que conclusões chegou. Mas jamais saberemos onde fica o bicho da goiaba quando não é tempo de goiaba. No bolso do Apud Neto?
Quando é que alguém vai ter a prática idéia de escrever uma tese sobre a tese? Ou uma outra sobre a vida nos rodapés da história?
Acho que seria um tesão."

segunda-feira, 20 de abril de 2009

A despedida de Grisson

O adeus a Grisson em CSI Vegas,
ou como “aprender a percorrer novos caminhos”.



Estamos acertados que um ponto de partida de nosso método de analise das estratégias de composição dos programas de efeitos nas obras é a nossa fruição. Lugar de apreciador da ficção seriada televisiva que supõe a capacidade de indagar e perscrutar na obra os caminhos geradores dos efeitos identificados. Modos de conhecer e saber sobre o mundo dos personagens. Modos de se aproximar ou se distanciar do mundo que concebemos. Modos de sentir no corpo e na alma os prazeres e senões dos amores ou das separações.

Combinados, assim, apresento impressões primeiras da despedida do personagem Grisson da série policial CSI Vegas, exibida recentemente no Brasil no canal fechado AXN. Semana passada, retrasada, nem saber mais quero! Segundas-feiras, oito horas da noite, reservado o momento de exibição de episódios inéditos. No décimo episódio da nona temporada Grisson segue seu caminho para fora do mundo dos peritos de Vegas e fora da nossa estante das ficções eletivas. Aquelas que guardamos com carinho e cultivamos com sereno entusiasmo.

CSI Vegas há muito cuida de seus apreciadores constantes. Já sabíamos que ele nos deixaria. Não seria de forma tão contundente como a do personagem Warrick. O telespectador foi devidamente informado sobre uma saída amena e suportável. No mundo das ficções seriadas longevas sabe-se que retiradas e inserções de personagens merecem cuidado redobrado. Encontra-se nesse empreendimento o jogo das tensões que fere suscetibilidades de um publico fiel que, incomodado, pode escapulir e nunca mais voltar. Jogo de estratégias que pode também aprisionar mais uma vez, solenemente, esse publico que deseja ser cativado.

Fiquei esperando para ver como iriam construir a minha despedida de Grisson. Será que também seria a minha despedida de uma serie televisiva tão aprazível? Enfim, sinto que cuidaram habilmente do meu desapego. Consegui despedir-me dele e, mais do que isso, estou apta a acolher aquele que Grisson deixou de presente para nós e para a equipe de personagens da série. Não é uma simples artimanha de engenharia criativa com fins comerciais. Foi uma demonstração de destreza na criação de enredos e personagens que recriam e alongam fios sem descuidar da elegância e maleabilidade da malha.

Ideias ainda nas sombras dos desalinhos de uma separação, compartilho com vocês brevíssimo rascunho das indagações que tenho feito sobre as maneiras de compor esse desfecho nessa temporada.

Outro dia, fico sabendo que Jorge Amado convidava amigos para jantares de despedida de seus personagens, tamanho espaço que eles ocupavam na vida dele. Não são raros os depoimentos de escritores que ao tratarem do processo de criação falam da autonomia dos personagens que parecem desenhar pra eles próprios o seu destino. Não raro também os depoimentos e as lembranças das conversas em rodas de amigos que tratam dos personagens preferidos como alguém da família que pode ser amado ou odiado. No inicio dos anos noventa, na série Chicago Hope, exibida na Tv aberta brasileira, toda a equipe do hospital que fazia parte da minha vida as segundas-feiras a noite foi demitida. Ainda lembro do susto, da perplexidade e da ira que rondaram com vergonha os porões de meu ímpeto racionalista.

Sem querer pois adentrar nesse debate sobre o lugar dos personagens nas instancias da criação e da fruição, indicarei o que mais me chamou a atenção nas estratégias de construção da despedida de Grisson. Não tratarei dos aspectos extra-textuais, pois são muitos. Deles sinalizarei apenas que o telespectador assíduo da serie já estava devidamente informados sobre a saída de Grisson, os motivos do ator, os cuidados dos produtores e roteiristas, os sentimentos dos atores que ficavam na série e sobre o ator e a personagem que iria substitui-lo. Por fim, sobre o momento – a temporada que teria sua estréia em rede a cabo Brasil no mês de abril desse ano.

O primeiro episodio da nona temporada traz Grisson lidando com as implicações da morte e perda de um colega de trabalho, cuidado como filho. Warrick era negro, pobre, lutava contra a força imperiosa dos vícios [jogo, depois medicamentos-drogas] e contra a dificuldade de respeitar as autoridades. Warrick morre por defender o princípio da honra primeira que legitima o uso da força policial, a lisura, a honestidade e a capacidade de não se curvar a corrupção.

Grisson e sua equipe descobrem o policial corrupto que matara Warrick, encaminha-se assim a primeira fase – o luto e a revisão dos projetos de vida daqueles que são acometidos pela perda. Grisson revê o amor antigo, Sara, que alimenta mais uma vez suas inquietações. Até o momento em que os colegas de Grisson saberão de sua decisão, os telespectadores reencontram através de Grisson aqueles que marcaram seus ultimos anos. Lembro-me da prostituta sagaz que compreende as sutilezas dos mundos afetivos eróticos mais inusitados; a assassina mais instigante e cruel que se despede dele mostrando que as pessoas, não importa o que viveram, podem mudar, mesmo que sendo através do ato suicida. Enfim, experiências vividas pela personagem mostram que Grisson está pronto para uma decisão que pode mudar radicalmente a sua vida.

O telespectador é minuciosamente e lentamente levado a esse momento da certeza sem descurar do perfil marcante da personagem. Ele manteve sua característica principal, a descrição diante dos seus sentimentos e dos outros, a emoção que fervilha em suas entranhas e que não sucumbe facilmente a expressão, a palavra, ao riso. A objetividade e a argúcia diante dos desafios intelectuais não serão afetadas, mas fica evidente para os telespectadores e para a equipe do CSI que as emoções não são contidas como antes.

Os outros colegas foram sendo pouco a pouco e cada um a seu modo informados sobre a decisão de Grisson. Noticia dada por ele mesmo em circunstancias que permitiam que cada personagem despedisse do seu jeito, uns mais emocionados que outros. Movimento que foi reafirmando ao telespectador que mesmo sem motivos evidentes, o adeus a Grisson estava selado. Foi criado o ponto da certeza da despedida sem riscos de retorno. Cada um dos integrantes da equipe sente e sofre essa perda a seu modo, ajudando o telespectador no ato de encontrar também o sue lugar nesse ato da despedida. Pior seria se ficássemos completamente sós...penso eu! Cada personagem que resta na equipe mostra-se mais pleno e autônomo, podendo seguir sem aquela presença que exalava da força simbólica de Grisson que transmitia um senso de segurança necessária.

Logo surge o personagem que promete exercer algumas dessas funções, a argúcia intelectual que traduz a duvida em objetivação de conhecimento cientifico que tem o poder de fazer a justiça, de nos amparar com a crença na verdade. O novo personagem tem o poder da verdade cientifica ancorada na humildade que crê na existência da duvida, na consciência da ignorância que alimenta a disposição para aprender de uma posição subjetiva que suporta o não-saber.

Grisson segue seu caminho. Sabemos que fará parte dele uma nova experiência amorosa com Sara. Final que, num primeiro momento, gerou a decepção diante de uma estratégia tão banal e emocional [será que considerei a escolha amorosa pouco sensata ou foi o modo de condução das estratégias que resvalaram?]. Depois de certo distanciamento, e sem ainda rever o episódio, acho o caminho coerente com o personagem, mas ainda tenho a impressão de estar diante de um momento infeliz do desfecho. Coisas de rascunhos!

No episodio seguinte a saída de Grisson, cada personagem está construindo modos de lidar com a ausência, como ocupar a sala vazia, onde colocar os objetos que falam dele, como acolher o escolhido por ele para trabalhar na equipe? As primeiras seqüências do episodio mostram o novo personagem tendo cumprido com brilho as exigências do treinamento, mas ainda em formação, pois nem captura de digitais conseguia fazer corretamente, não sabia como se vestir e não conseguia suportar as emoções que as cenas do crime provocam. Antes da abertura, momento que envolve o telespectador na questão chave daquele episodio, temos a cena em que luz da lanterna de Nick destaca o desafio e o mal-estar desse novo personagem: será que ele vai conseguir? Nesse episodio ele conquistará o respeito de cada integrante da equipe CSI, conquistará também o sentimento de acolhimento e a série mostra que ele veio para ficar....Catherine lembra que o expediente acabou e ele responde que sabe, mas precisa ficar para aprender como ser melhor para conquistar definitivamente o lugar que esperamos que ele ocupe. Assim ficou mais fácil dizer Adeus. Eu pude dizer adeus, resta saber o que represento nesse universo de telespectadores dessa serie...mas o que me interessa mesmo é desvendar os mistérios da engenharia narrativa das estratégias textuais que conseguiram manejar essa adorável solução.

Blogs que tratam da despedida de Grisson:

http://soseriadosdetv.com/tag/csi/

http://soseriadosdetv.com/2009/04/02/csi-19-down-09x09/#more-3409

http://rd1audienciadatv.wordpress.com/2009/01/20/episodio-de-despedida-de-william-grissom-petersen-de-csi-bate-recorde-de-audiencia-na-tv-americana/

http://teleseries.uol.com.br/agora-e-william-petersen-que-esta-de-saida-de-csi/

http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20090407134827AALZ1mi

http://www.clicrbs.com.br/blog/jsp/default.jsp?source=DYNAMIC,blog.BlogDataServer,getBlog&uf=1&local=1&template=3948.dwt&section=Blogs&blog=242&pg=1&assunto=319&coldir=1&topo=3951.dwt

http://series-etc.blogspot.com/2008/11/william-petersen-grava-sua-despedida-da.html


Despedida de Grisson na imprensa:

http://www.estadao.com.br/noticias/suplementos,os-ultimos-passos-de-gil-grissom,312563,0.htm

http://www.opovo.com.br/vidaearte/834366.html

http://www.atarde.com.br/cultura/noticia.jsf?id=1004829

http://tv.globo.com/ENT/Tv/Seriados/CSI/0,,AA1694915-7251,00.html
EPISÓDIO DE DESPEDIDA DE WILLIAM 'GRISSOM' PETERSEN DE 'CSI' BATE RECORDE DE AUDIÊNCIA. “despedida em grande estilo”

Mais informações sobre a serie vejam http://br.axn.com/shows/csi

sábado, 4 de abril de 2009

Vou passar um tempo rascunhando sobre as emissoras de televisão. A idéia é oferecer sites pra vocês conhecerem o que circula de telenovelas e similares no que vou chamar “campo da teledramaturgia iberoamericana”. Espero aguçar curiosidades e motivos de tele.rascunhos ... esqueci de dizer, esses foram os presentes que ganhei do OBITEL-Brasil. Vou começar pela Colômbia, onde flagro produções que traduzem competentes efeitos que misturam paixão, humor e ironia.

Colômbia Teledramaturgia

Fonte: VILCHES,L. (comp.). Culturas e mercados de la ficción televisiva en Iberoamérica. Anuário Obitel 2007 [dados 2006]. Barcelona: Gedisa, 2007.
Colômbia: cuando la ficción cuenta más que los informativos [p.133 a 158].
Coordenador Obitel Colômbia Omar Rincón (universidad Javeriana)
Ver: http://www.youtube.com/watch?v=h_EDcgWLcEU


Canais nacionais privados e outros

Caracol
RCN
Canal Uno y Canal Dos [propriedade estatal de administração privada]
City TV [canal local da cidade de Bogotá]
Senãl Colombia


Canais de maior destaque na produção ficcional nacional e na exportação de formatos

Caracol
http://www.canalcaracol.com/index.asp
http://www.canalcaracol.com/entretenimiento_seccion.asp

canal RCN
http://www.canalrcn.com/

Produtoras do mercado televisivo
Quatro produtoras independentes que produzem telenovelas e minisséries [em 2006] exibidas nos canais privados. Destaques:

* RTI que realiza telenovelas para Telemundo
http://en.wikipedia.org/wiki/RTI_Colombia
http://en.wikipedia.org/wiki/Telemundo

*Televideo
*Teleset
*Telecolombia

Nos anos oitenta consolida-se o estilo colombiano de telenovelas [p.136]. Obras citadas que traduzem este momento:
*Pero sigo siendo el Rey (Martha Bossio); *Gallito Ramírez (Martha Bossio)
*Caballo Viejo (Romero Pereiro)

A partir dos anos noventa as séries são exploradas e assaz valorizadas. As obras citadas foram: *Señora Isabel (1993) de Bernardo Romero Pereiro y Monica Agudelo; *Hombres (1995) y La madre (1998) de Monica Agudelo y RCN;
*La alternativa del escorpión (1992), La outra mitad Del sol (1996) y La mujer del presidente (1998), creaciones de Juana Uribe para Cenpro Televisión.
*Yo soy Betty, La FEA (2001) de Fernando Gaitán [“el mejor escritor de televisión de Colombia”]
*Pedro, el escamoso (2002), escrita por [“libretistas (guionistas) y productores que más sabem de televisión em Colombia:”] Dago García y Felipe Salamanca;
*Pasión de Gavilanes (2004), escrita por [“del genial y siempre exitoso librerista”] Julio Jiménez, produzidas por RTI para Telemundo

Os “modelos creativos com nombre proprio”[p.135] que caracterizam o estilo Colombiano citados foram:

*Fernando Gómes Agudelo
http://es.wikipedia.org/wiki/Fernando_G%C3%B3mez_Agudelo

*Bernardo Romero [tono regional caribe e intimista]
Leche (1996)
http://technorati.com/videos/youtube.com%2Fwatch%3Fv%3DUum9dbg6d30
ver: Victoria (2007)
http://en.wikipedia.org/wiki/Victoria_(Telemundo_Series)

*Pepe Sánchez [reflexion sobre lo cotidiano]
Pura Sangre (2007)
http://foro.telenovela-world.com/n4/read-t.php?f=457&i=463&t=317
http://www.eltiempo.com/entretenimiento/tvfarandula/noticias/ARTICULO-WEB-NOTA_INTERIOR-4060556.html

*Carlos Duplat [cuenta lo popular]
http://www.telenovelas.es/show/Pasion_de_Gavilanes-30.html
Te voy a enseñar a querer
http://en.wikipedia.org/wiki/Te_Voy_a_Ense%C3%B1ar_a_Querer
Direção e guionista de Amar y vivir
http://www.imdb.com/title/tt0103665/
escritor, diretor, ator
http://www.imdb.com/name/nm0240645/

*Julio Jiménez [estilo gótico]
http://en.wikipedia.org/wiki/Julio_Jimenez_(writer)
http://www.imdb.com/name/nm0422988/

*Martha Bossio [inauguró la irreverencia y el humor]
http://encolombia.com/tvnovelas10-libretistas.htm

*Fernando Gaitán [perspectiva cultural]
http://www.imdb.com/name/nm0301441/
Premio Cartagena Film Festival (2007)
Colombian Television Award
Best Original Soap Opera Writing (Mejor Libreto Original de Telenovela) "Hasta que la plata nos separe" (2006)
*Mauricio Navas y Mauricio Miranda [pensaron lo social]
Mauricio Navas
http://www.imdb.com/name/nm0623054/

Mauricio Miranda
http://www.imdb.com/name/nm1330944/

*Dago Garcia [apuesta por lo industrial]
*Juana Uribe [modernizó e globalizó la telenovela]

O estilo colombiano foi configurado a partir de duas vertentes, a cômica e a melodramática. [p.137] “tono de comedia, y jugar com los valores tradicionales del melodrama. Atualmente, duas tendências foram observadas. A “telenovela neutra” que busca corresponder as convenções do mercado internacional. RTI Colombia a representa com as obras Pasion de Gavilanes, La Venganza, La tormenta e Amores de mercado. A outra vertente chamada de “telenovela de identidad colombiana” caracteriza-se pelo apego aos “modos de ser y el imaginario colctivo del país”. Destacaram:

* a “marca” do escritor-roteirista Fernando Gaitán que escreveu Café com aroma de mujer; Yo soy Betty, la fea; Hasta que La plata nos separe
*os roteiristas Dago García y Felipe Salamanca, que escreveram Pedro el escamoso y Pecados Capitales.

Especial 50 anos da TV Colombiana RCN
http://www.youtube.com/watch?v=SZjagODb8Vg

História da TV na Colombia
http://www.colarte.com/actores/General/ElComienzo.htm

site sobre telenovelas no mundo
http://www.telenovela-world.com
http://www.telenovela-world.com/archives/index.php?C=Colombia

artigo de Dixon Moya sobre La television colombiana y La fantasia.
http://www.quintadimension.com/article308.html

As mais destacadas em 2005-6

Canal RCN Telenovelas

Los reyes
Guionista: Juan Manuel Cáceres y Héctor Moncada
Direcion: Mario Ribeiro
Produtora: RCN Televisión

Juegos Proibidos
Guionista:Andres Salgado
Direción: Juan Pablo Posada y Harvey Luna
Produtora: Invento

Hasta que La Plata nos separe
Guionista: Fernando Gaitán y Henry Pérez
Direción: Sergio Osorio
Produtora: RCN televisión

La hija Del Mariachi
Guionista:Monica Agudelo y Mauricio Miranda
Direción: Diego León Hoyos
Produtora: RCN televisión
http://www.imdb.com/title/tt0496199/fullcredits#writers

En los tacones de Eva
Guionistas: Fernán Rivera
Direción: Juan Camilo Pinzón
Produtora: RCN televisión

Merlina, mujer Divina
Guionistas: Eloísa Infante y Miguel Baquero
Direción: Pepe Sánchez
Produtora: RCN


Caracol - Telenovelas

La ex
Guionista: Perla Ramírez, Felipe Salamanca y Dago García
Direción: Juan Carlos Villamizar
Produtora:Caracol televisión
[verificar p 152, parece haver um erro. Diz ser uma telenovela da Caracol, no canal RCN. Supus ser um erro e a coloquei como produção da caracol. Erro confirmado na p. 155 – esta é uma telenovela da Caracol]

Caracol - Séries

Sin tetas no hay paraíso
Guionista: Gustavo Bolivar
Direción: Luis Alberto Restrepo
Produtora: Caracol televisión
http://www.youtube.com/watch?v=I0vy46IfRx4&feature=PlayList&p=0755EC3946BD25C4&index=0&playnext=1


Decisiones
Guionista: Varios [sem identifcá-los]
Direción: vários [Mauricio Cruz, Rodolfo Hoyos]
Produtora: RTI/Telemundo

INSTANCIAS DE CONSAGRAÇÃO

Premios Tv e novelas Colombia 2007 – canal RCN
http://www.youtube.com/watch?v=sEchWNBTDlI


REALIZADORES CONSAGRADOS

http://encolombia.com/tvnovelas10-libretistas.htm

Fernando Gaitán
http://www.imdb.com/name/nm0301441/
Premio Cartagena Film Festival (2007)
Colombian Television Award
Best Original Soap Opera Writing (Mejor Libreto Original de Telenovela)"Hasta que la plata nos separe" (2006)Shared with:Lina María Uribe Andrés Burgos
http://www.imdb.com/name/nm0301441/awards

Congresso de jornalismo debate crítica de televisão













Revista Cult promove 1º Congresso de Jornalismo Cultural em São Paulo

Entre os dias 4 e 8 de maio de 2009, será realizado na cidade de São Paulo o 1º Congresso de Jornalismo Cultural – uma iniciativa da Revista Cult. O evento acontecerá no TUCA, Teatro da Universidade Católica da PUC-SP.

A programação completa do evento e as formas de inscrição podem ser consultadas na página:

http://www.espacorevistacult.com.br/congresso/default.html

Dia 5 de maio


16h00 - TELEVISÃO
Os códigos unificadores da televisão contaminam o modo de ver dos cidadãos?
A televisão é apenas um aglomerado de produtos descartáveis destinados ao entretenimento de massa?
Qual a real importância da televisão para a crítica da cultura no Brasil?
Com:

Gioconda Bordon - coordenadora do Núcleo de Rádio da Fundação Padre Anchieta

Eugênio Bucci - professor da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, colunista do jornal O Estado de S. Paulo
Gabriel Priolli - coordenador de Conteúdo e Qualidade da TV Cultura.
Marcelo Marthe - crítico de televisão da Revista Veja

Mediador: Valter Vicente Sales: gerente do Sesc TV

sexta-feira, 3 de abril de 2009



ainda sobre real e ficção. um vídeo que fiz para o espetáculo de dança todo menino é um rei. o depoimento é real. extraído de um livro de mv bill. quem fala o texto é um jovem ator formado nas oficinas do liceu de artes e ofícios da bahia. o menino que aparece nas imagens era aluno da kabum!, morador do nordeste de amaralina.

Pan Cinema Permanente e Filmefobia

Aconteceu aqui em Salvador, iniciado no dia 19 de março e terminado no último dia 26, o V Panorama Internacional Coisa de Cinema. Por aqueles dias, o cinema voltou-se para o centro da cidade. Como em qualquer outro festival ou mostra de cinema, pelas telas do V Panorama, rodaram alguns poucos filmes muitos bons, outros tantos razoáveis e, como nunca faltam, aqueles absolutamente sofríveis. Entre os tais “absolutamente sofríveis”, destaque incontestável para Bela Noite para Voar, filme de Zelito Viana, com Mariana Ximenes, José de Abreu e Marcos Palmeira; sobre uma noite em que os militares opositores ao governo de Juscelino quase derrubaram o avião do presidente. O longa de Zelito Viana, mais se parece com um infeliz capítulo de uma novela das oito, naquilo que as novelas tem de pior. Por outro lado, foi com grata surpresa que assisti ao longa Se nada mais der certo, de José Eduardo Belmonte, com Cauã Reymond e João Miguel. Cauã, cujo meu preconceito até então não permitia que eu o visse para além de Malhação, dá um show. E o filme é vigoroso, tem “ritmo e pegada”.
Dois filmes, em especial, chamaram a minha atenção, entre outros motivos, por lançar lenha na fogueira que derrete as fronteiras entre ficção e documentário. Pan Cinema Permanente, de Carlos Nader, e Filmefobia, de Kiko Goifman. Pan Cinema Permanente, “persegue” a figura inquieta de Wally. Wally é um discurso de si mesmo. Ele aparece no filme em lugares e tempos diferentes gritando, cuspindo palavras e “verdades”, dizendo poesias, entrecortado por imagens não necessariamente “coladas” àquelas situações, em um estilo de montagem que remete ao currículo de videoartista do diretor; amigos e outros poetas falam quase sempre em off, sobre o saudoso escriba baiano de Jequié. Os depoimentos tentam traçar um perfil e compreender o “personagem” Wally Salomão. As imagens têm um “quê” de amadoras, quase caseiras. Tudo absolutamente impregnado de real não fosse o fato “denunciado” pelo documentário de que Wally estava sempre interpretando para a câmera. Suas falas são grandes encenações, Wally, ao perceber a câmera em rec, encarnava inevitavelmente um personagem que não era ele, ou talvez fosse o mais autêntico “ele”, o ele de verdade, nascido da farsa teatral em que vivia, segundo dizem os amigos depoentes e a “tese” defendida pelo próprio filme.
O outro filme, o de Kiko Goifmann, a princípio, nasce de uma premissa documental. Segundo anunciado em jornais e num blog sobre o processo de confecção do filme, o longa estaria sustentado pela idéia, defendida por Jean Claude Bernadet, segundo a qual as pessoas só se mostrariam de verdade, quando confrontadas pelas suas fobias mais poderosas. Sendo assim, o dispositivo do filme era expor pessoas às suas fobias e gravar a reação delas. E aparentemente assim foi feito. Aquele que tinha medo de anões foi amarrado e atacado por um monte deles, o que tinha medo de sangue foi melecado inteiro pelo tal líquido vermelho que nos corre nas veias e por aí vai... as fobias são as mais estranhas... tem fobia de penetração, de pombos, de telefones celulares...
Bom, segundo o blog do longa, as experiências foram de tal modo intensas que fizeram a equipe questionar a validade daquela empreitada. Brigaram e desistiram do projeto. Tempos depois, saiu a notícia de que Kiko Goifmann, que segundo a “história pré-filme” era o diretor do making of, resolveu juntar as imagens que ele tinha capturado e lançar um filme nascido a partir do outro filme que fora abandonado. Até aí tudo bem, não fosse o fato de que agora, depois de exibido o longa, os produtores confessam que nunca houve documentário, nem fóbicos, eles estavam sempre desde de o princípio, fazendo uma ficção para qual eles emprestaram seus nomes e corpos verdadeiros. A provocação é saber quando começou o filme, se aquele texto audiovisual está completo sem as informações anteriores, sem o flerte com a realidade, sustentado pela farsa da produção de um documentário.



domingo, 29 de março de 2009

testando, primeiras palavras no blog...